2 de setembro de 2011

Sondre Lerche - Private Caller

Um rockzinho bem convencional do Sondre Lerche, mas muito divertido. Não é a primeira vez que ele usa coreografias em seus clipes. Não é em todo cantor que eu gosto de trejeitos na voz, mas com o Sondre Lerche fica bom nesse refrão fácil de memorizar de Private Caller.

 

Nina Nastasia & Jim White - You Follow Me (2007)





As canções de Nina Nastasia sempre foram muito pessoais. Tratam de relacionamentos humanos, com seus altos e baixos, seus pontos positivos e seus pontos negativos, os bons e os maus momentos. Em You Follow Me, de 2007, Nina entra em um ambiente de discussão novamente. A conversa dessa vez tem um companheiro forte e genioso: Jim White. O clima do disco representa um microcosmo da relação humana. Momentos de sintonia com momentos de desacordo.

Sonoramente, essa briga entre pensamentos que serve como exemplo para o álbum tem seus dois lados muito bem distintos. No primeiro, Nina Nastasia e seu violão calmo e tímido e sua voz leve. Do outro, a bateria nervosa de Jim White, com suas baquetas inquietas. Tudo isso é o que faz You Follow Me.

Como em todo relacionamento, a conversa sonora de Nina e Jim encontra seus momentos de paz como em I’ve been Out Walking, The Day I Would Bury You e In the Evening, mas é nos momentos de confronto que mais chamam a atenção e mostram a qualidade do álbum. Em Our Discussion ou Odd Said The Doe você tem a impressão, em certos momentos, de estar ouvindo duas canções diferentes. O disco te prende a atenção, com um alt-country e elementos de folk, faz você torcer para que um dos dois vença essa batalha sonora, sem perceber que na verdade eles jogam defendem a mesma bandeira.

Na verdade, a união de Nina e Jim tem como objetivo te vencer, te conquistar. As regras não são claras e eles são apelativos. Um violão dedilhado, uma voz que consegue te pegar nos sussurros e nos gritos e uma bateria que te gruda ao fone de ouvido. Então, se não pode vencê-los...

1 de setembro de 2011

Bonnie 'Prince' Billy - There is No God

O sempre simpático aos ouvidos Bonnie 'Prince' Billy em uma pegada mais country.



Russian Red - Fuerteventura (2011)




Parece que cada vez mais é preciso ser totalmente a favor ou contra alguma coisa. Por isso, ficar em cima do muro é praticamente ser radical. Na música, em especial no cenário alternativo, é perigoso ficar em cima do muro. O risco de produzir algo sem graça é grande. Menos no caso de Lourdes Hernández, a moça à frente do Russian Red, projeto espanhol radicalmente (e maravilhosamente) na média, no meio termo.

Em seu segundo disco, Fuerteventura, a voz de Lourdes é feminina sem enjoar, tem artifícios variados mas não vai longe, tem o tanto de técnica e sentimento necessário. A melodia folk, com o clima de leveza ensolarada próprio da cultura latina, tem um raio de alcance que não faz perder uma lógica sonora. A letra é simples e simplesmente criativa. Nada falta e nada sobra. Não há risco e nem cálculo demais. 

É assim, na média de todos os elementos que compõe Fuerteventura, na dificuldade de manter esse equilíbrio constante que consiste a beleza do disco. Deixe no volume médio, quando não estiver nem alegre nem triste, quem sabe no meio da tarde, no meio da semana...



30 de agosto de 2011

Hola a Todo El Mundo - Hola a Todo El Mundo (2010)


Fazendo jus ao "todo el mundo" do nome da banda, a espanhola Hola a Todo El Mundo passeia por alguns climas europeus, principalmente. O idioma é o inglês, para universalizar. As melodias têm no passaporte diversos carimbos. No fim, a viagem entre diversas paisagens não cria uma concisão, mas descobre-se uma boa confusão sonora. Agradável e que deixa aberto a possibilidade de um novo passeio.

Tem um pouco de eletrônico, que lembra alguma coisa da Suécia, uns trechos que marcam uma aproximação com a cena inglesa de indie rock e aparece, claro, um clima mais latino, espanhol mesmo. Levadas de folk irlandês também dão um toque mais leve para algumas canções. O acordeão e o violino marcam brincadeiras com o famoso folk do leste europeu e a beleza da música francesa.

Destaco os backing vocals no final de A Movement Between These Two, que tem mais de sete minutos. Amor Fati é a mais bela, num folk que lembra Beirut em alguns momentos. Current Road começa de um jeito, pra cima, e termina calminha. Também muito boa. Os vocais são basicamente masculinos, mas a Hola a Todo El Mundo usa muito bem os backing vocals, principalmente os femininos. Então, canta junto.



19 de maio de 2011

Arrah & The Ferns - All the Bad in One Place (2010)


Arrah & The Ferns - All the Bad in One Place (2010)

Lembro da pequena euforia que senti quando soube, atrasado, é verdade, que o Arrah & The Ferns tinha voltado e tinha lançado um novo disco. Foi proporcionalmente inverso ao sentimento quando, enquanto aguardava esse disco chegar, eles anunciaram o fim, lá em 2009, eu acho. Com as coisas resolvidas, eles voltaram e lançaram o ótimo All the Bad in One Place, no final do ano passado.

E a alegria que senti é porque, apesar de diversos outros bons discos que eu ouvi desde então, me sentia desamparado. Para mim, e isso é extremamente pessoal mesmo, só o Arrah & The Ferns tem a energia que eu preciso para uma situação específica: fazer uma tarefa que não é tão agradável como lavar roupa, arrumar a casa, ficar numa fila longa. As guitarras intercalando riffs pausados com arranjos levemente distorcidos, a voz despretensiosa da Arrah Fisher, a melodia de refrões com frases simples e que servem para diversas situações. Isso me ajuda muito. É como se ao fazer essas tarefas desagradáveis eu dissesse: "Eu vou fazer isso aqui, mas vocês vão ver só!" ou "Olha como eu faço isso aqui e nada me afeta, continuo bem comigo mesmo!".

Há ainda no disco, além dessa capacidade de me dar energia, os momentos belos, as frases de amor que eu guardo no bolso para sussurrar para alguém, o ritmo que eu posso bater com a caneta na mesa do trabalho e os backing vocals que eu posso cantar junto. Tem essas coisas que eu sentia falta e falta é algo como uma vaga, um espaço a ser completado. Estou completo novamente.