15 de maio de 2011



Anna Calvi - Anna Calvi (2011)

Anna Calvi, na canção First We Kiss, pergunta por quanto tempo seu coração irá continuar batendo contra a janela, preso em algum lugar. A resposta ela dá ao mesmo tempo em que pergunta. E eu digo: “Anna, seu coração fica livre no momento em que você canta”.

A voz dessa inglesa não traz apenas, na mesma proporção, beleza e força. Ela cospe lá de dentro, desse coração que parece ter ânsia de liberdade, uma energia vital que emociona, de tão verdadeira que soa aos ouvidos. Ela não usa a garganta pra cantar. Ela quebra todas as janelas ao redor e deixa-se cantar com paixão.

Em seu álbum de estreia, homônimo, Anna Calvi ambienta sua paixão em um cenário denso, numa espécie de uma grande nuvem escura com raios brilhantes e belos, que, assim como numa tempestade, encantam pela imponência. Seu lado gótico nas canções aparece numa referência aos anos 1980, com The Cure e Siouxsie & the Banshees, mostra ainda um aspecto cru, meio PJ Harvey, mas com charme, em certos momentos lembrando o estilo de cantoras francesas como Françoise Hardy e Juliette Greco.

Várias cantoras têm surgido com ótimas vozes, até certo ponto maduras e com melodias que fogem de um folk ou rock bobinho. Mas Anna Calvi mostra uma seriedade diferente. As melodias são totalmente soturnas, mas é como andar no escuro sentindo-se totalmente seguro. A guitarra quase sem efeitos pontua climas desde o estilo flamenco em The Devil, a leveza dançante em No More Words e até a simplicidade na ótima Blackout.

Um comentário:

Anônimo disse...

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